sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Jogo de interface textual: práticas de letramento em MUD


Um MUD é um jogo online multiusuários, essencialmente baseados em modalidade escrita, o que não exclui dele elementos gráficos e imagens concebidas em ascii-arts. O acrônimo MUD remete a Multi User Dungeon ou Multi User Dimension; o termo dungeon refere –se aos labirínticos calabouços comuns ao jogo. Acredita-se que o primeiro MUD foi desenvolvido em 1978, por Roy Turbshaw e Richard Bartle, na Universidade de Essex, no Reino Unido, em BCPI, uma predecessora da linguagem C.
Em um MUD, o usuário concebe o mundo por meio da leitura. A plataforma é composta de salas, objetos e NPCs em base textual. Desse modo, o usuário encarna um personagem em um universo de palavras, no qual o faz de conta ocorre pela leitura e escrita, como um interminável e dinâmico livro virtual, sempre em construção e movimento. Todavia, em tal livro, o usuário pode ser ele mesmo o herói da aventura ou intervir em outras histórias. A noção de autoria está distorcida em um MUD, pois sua estrutura está aberta a colaboração direta e indireta de todos os usuários.
NO sistema do MUD, qualquer usuário tem oportunidade de contribuir ativamente na ampliação do jogo agregando seus conhecimentos e experiências. Essa colaboração é variada: conforme evolui e cresce, o personagem pode criar objetos para si, sugerir alterações em discrições, usar canais de comunicação para reportar erros de ortografias, bugs, ideias ou mesmo auxiliar criando áreas inteiras no game.
Durante o jogo, manipulando seu avatar, o jogador percorre milhares de salas, atravessando montanhas, desertos, encontrando outros jogadores guiado por sua curiosidade. Nesse contexto de propiciações, quase não há limites para a invenção de ficções coletivas online.
Os MUDs são popularmente conhecidos como labirintos textuais, o que os aproxima muito do hipertexto, também referenciado como labirinto textual, por conta de sua alinearidade.
Em Linguagens liquidas na era da modalidade, Lucia Santaella observa que o processo de leitura em hipertexto requer do leitor a capacidade de gerar um mapeamento mental do documento.
No interior do MUD, a autoria est distorcida, descentralizada, e é difícil estabelecer um único autor para seus elementos. As arcas são criadas por alguns usuários, aperfeiçoadas por outros, corrigidas por outros tantos e posteriormente aproveitadas como cenário para narrativas. Eventualmente, uma área criada pode ser a versão traduzida de outra em inglês e adaptada por algum sujeito.
Na dinâmica do MUD, o assunto está consciente de tal distorção e de sua função como autor.

O objetivo dos muders parece ser a capacidade de representar quaisquer atividade da vida real e da fantasia de ficção dentro do mundo virtual (Murray, 2003:146).

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