Em um MUD, o usuário concebe
o mundo por meio da leitura. A plataforma é composta de salas, objetos e NPCs
em base textual. Desse modo, o usuário encarna um personagem em um universo de
palavras, no qual o faz de conta ocorre pela leitura e escrita, como um interminável
e dinâmico livro virtual, sempre em construção e movimento. Todavia, em tal
livro, o usuário pode ser ele mesmo o herói da aventura ou intervir em outras histórias.
A noção de autoria está distorcida em um MUD, pois sua estrutura está aberta a
colaboração direta e indireta de todos os usuários.
NO sistema do MUD, qualquer usuário
tem oportunidade de contribuir ativamente na ampliação do jogo agregando seus
conhecimentos e experiências. Essa colaboração é variada: conforme evolui e
cresce, o personagem pode criar objetos para si, sugerir alterações em
discrições, usar canais de comunicação para reportar erros de ortografias,
bugs, ideias ou mesmo auxiliar criando áreas inteiras no game.
Durante o jogo, manipulando
seu avatar, o jogador percorre milhares de salas, atravessando montanhas, desertos,
encontrando outros jogadores guiado por sua curiosidade. Nesse contexto de
propiciações, quase não há limites para a invenção de ficções coletivas online.
Os MUDs são popularmente
conhecidos como labirintos textuais, o que os aproxima muito do hipertexto, também
referenciado como labirinto textual, por conta de sua alinearidade.
Em Linguagens liquidas na
era da modalidade, Lucia Santaella observa que o processo de leitura em
hipertexto requer do leitor a capacidade de gerar um mapeamento mental do
documento.
No interior do MUD, a
autoria est distorcida, descentralizada, e é difícil estabelecer um único autor
para seus elementos. As arcas são criadas por alguns usuários, aperfeiçoadas por
outros, corrigidas por outros tantos e posteriormente aproveitadas como cenário
para narrativas. Eventualmente, uma área criada pode ser a versão traduzida de
outra em inglês e adaptada por algum sujeito.
Na dinâmica do MUD, o
assunto está consciente de tal distorção e de sua função como autor.
O objetivo dos muders parece ser a capacidade de
representar quaisquer atividade da vida real e da fantasia de ficção dentro do
mundo virtual (Murray, 2003:146).
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